segunda-feira, 26 de março de 2012

Bate Papo Com o Engenheiro - Sapata Excêntrica

Vamos lá! Demorou mas aí está! Este post é uma introdução sobre o funcionamento de sapatas excêntricas, escrito pelo Prof. Kimico.
Temos concertado muitas por aí (rs)...

ENCONTRO  No – 2

SAPATA EXCÊNTRICA

Trata-se de uma estrutura de fundações de utilização bastante restrita. Temos trabalhado em muitos casos de insucesso, que exigiram procedimentos de reforço.
As causas mais comuns que temos observado são:
             a) Escavações vizinhas próximas ao calcanhar.
             b) Grande sensibilidade a qualquer vazamento de aguas na área de entorno.
             c) Erro no detalhamento da armadura.
             d) Erro na geometria do posicionamento do pilar em relação a sapata.
             e) Falta de um atirantamento para compor o equilíbrio externo.
Pelo exposto, fica para o engenheiro a responsabilidade de escolher a sapata excêntrica somente para casos que lhe pareçam adequados para a utilizar o sistema. Normalmente para obras de pequeno porte e respeitando as condições de detalhamento e equilíbrio estrutural.    


A mais antiga e eficiente sapata excêntrica que se tem conhecimento é o pé humano.
Vamos, portanto, nos basear nela para definir nosso modelo e como pode ser usado nas construções.
Primeira observação: a  dimensão  Hs da sapata é semelhante a dimensão Hp do pilar, acompanhem as figuras a seguir:

Este erro caracteriza uma anomalia geométrica de posicionamento do pilar em relação  a sapata.


Voltando ao nosso modelo (o pé humano), vamos observar como deve ser a armação da sapata.
 Segunda observação: músculos e tendões formam um reforço contínuo que liga a perna (nosso pilar) e o pé (nossa sapata).

Vamos agora abrir um parêntesis para tecer alguns comentários:

1 – Temos visto poucos casos de utilização da sapata excêntrica em obras novas.
      É em reformas que encontramos maior aplicação deste tipo de fundação.
      Os casos mais comuns são os  reforços de paredes limites de  pequenas
      construções, nas quais a razão mais comum  é a operação para aumentar
      pavimentos.
      Vamos ver o caso que foi mostrado como modelo de arequtetura estrutural no
      nosso encontro 1.

2 – Não devemos mais fazer sapatas (excentricas ou não), com o formato chanfrado:
É assim o modelo que vemos apresentado na literatura e nos programas de cálculo e dimensionamento de estruturas de concreto armado.
Este é um formato antigo, que acompanha o nosso modelo fundamental que é o pé humano.  Este procedimento visa economizar concreto, posto que os esforços máximos ocorrem no calcanhar e atingem o zero na outra ponta.

Acontece que no passado o atual Fck era um valor bastante reduzido em relação a resistência do concreto de hoje. Para mostrar este fato, lembro que quando começamos a calcular a resistência comum para o concreto era o que se chamava de tensão de ruptura e o valor típico era 90 Kgf/cm2 (9 MPa).

Para atingir a resistência utilizada hoje, é fundamental que o concreto, seja eficientemente adensado, difícil tarefa para operacionalizar com a superfície livre inclinada.

Ficaremos hoje por aqui. No próximo encontro, vamos sair um pouco da arquitetura da estrutura e trabalhar no calculo e equilíbrio da sapata.
                   Até lá
                               Kimico.